11 de mar. de 2017

Leitura e treino levam mineiros à nota mil na redação do Enem



Fonte: G1.
Três estudantes de Juiz de Fora estão entre os 77 inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016 que tiraram nota mil na redação. O tema foi "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil". Para Nathália Couri e Igor Farinazzo, de 18 anos, e Tamyres dos Santos Vieira, de 20, o gosto pela leitura e o treinamento voltado para a prova ajudaram no desenvolvimento do texto.
Houve queda das notas mil em redação, segundo o Ministério da Educação (MEC). Em 2015, foram 104 notas máximas. Em 2014, foram 250 redações com notas mil.
A ex-aluna da Escola Adventista e do Colégio Apogeu, Tamyres dos Santos Vieira, investiu em curso de redação. "Eu fiz cursinho com o professor Eliandro Luiz Andrade na época que estava estudando pro Enem. Considero que o aprendizado com ele foi decisivo para o meu processo de escrita", lembrou.
Ela lembrou que, no sábado, fez a prova mais tarde, já que os adventistas precisam guardar este dia até o pôr do sol. Para a jovem, o resultado mostrou que a nota máxima não é algo impossível.
"Sempre gostei muito de ler e, desde que comecei a fazer o Enem, minha nota na redação ficou próxima de mil, mas esse ano tive a alegria de alcançar a nota máxima. Decidi falar sobre essa conquista para incentivar aqueles que prestam o exame, porque é possível alcançar uma boa nota na redação. Principalmente porque sou sabatista e, mesmo com o desgaste adicional do dia anterior, devido à espera, consegui fazer um bom texto", disse Tamyres.
Atualmente estudando em uma instituição particular, Tamyres dos Santos Vieira não pretende se candidatar a uma faculdade pública. "Sempre faço o Enem porque é um meio de abrir diversas portas. Como já estou indo para o quarto período de Medicina, pretendo continuar na minha faculdade mesmo. A princípio não irei me candidatar a uma faculdade pública", disse
Prática que faz diferença
Igor e Nathália estudaram no Colégio Santa Catarina, fizeram aulas extras e agora acreditam que a boa nota irá ajudá-los a entrar na faculdade. Ela quer cursar Medicina na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) ou na de São João Del Rei (UFSJ). Ele espera ingressar no curso de Engenharia Química na Federal de Minas Gerais (UFMG).
O gosto pela leitura começou, para ela, com um livro comprado no sebo: O ladrão de olhos, de Jonathan Auxier. Nathália contou que investiu em aulas específicas para conseguir aperfeiçoar a escrita. "Eu fiz o cursinho de redação. Fazia entre uma e duas por semana, para a escola e para o cursinho porque é muito importante treinar a estrutura".
O hábito de ler ajudou muito a buscar argumentos que pudessem enriquecer o texto sobre como combater a intolerância religiosa no Brasil. "Até citei o estado islâmico na redação. É importante demonstrar que você tem conhecimento geral do que ocorre ao seu redor, conhecimento de outras áreas, uma interdisciplinariedade, que torna a sua redação diferente", comentou.
Este conhecimento foi construído sem exagero, segundo Nathália. "Eu não estudo exaustivamente, porque acho que isso atrapalha o rendimento. Você tem que saber o seu limite. Equilíbrio é tudo. Se chega a certo ponto em que estou cansada, eu paro para me preservar", disse a estudante.
Para Igor, o caminho começou com a série Harry Potter, de J. K. Rowling, aos 11 anos. Além disso, passou pela mudança na forma de encarar os estudos. "Eu não gostava muito de estudar, eu preferia jogar e fazer outras coisas. Foi uma questão mais de começar e depois de aprender a como estudar, passar de uma coisa espontânea a uma coisa trabalhada com o tempo. Você vai aprimorando, principalmente no ensino médio quando você tem vários vestibulares", explico.
Para o Enem, além do treinamento, ele destacou a possibilidade do acesso à correção e da discussão com os professores. "Sempre fiz redações, uma semana sim e outra não, fazia duas. Procurava redações extras que a plataforma do colégio disponibilizava. E sempre marcava, isso é importantíssimo, horários com o professor que corrigia a redação para que eles me mostrassem como podia fazer, me dessem sugestões e eu discutisse ponto a ponto cada parte", disse Igor.
Igor Farinazzo ressaltou que os candidatos precisam buscar experiências que os ajudem a analisar qualquer tema proposto. "Não tem questão de superioridade, não é necessário ser um gênio, ler Dostoiévski. Você tem que ler, absorver o máximo de onde você vive, da sua leitura, de tudo que você presencia. A leitura não só de livros, mas da sua vivência, de experiências, de cinema, tudo o mais", comentou.
O professor da dupla nota mil, Edson Munk, destacou que o aluno tem que entender o que o Enem exige, para descobrir como construir o texto que obtenha o melhor resultado.
"É importante que cada estudante que se prepara para fazer um texto dissertativo e argumentativo tenha a clareza de tomar uma posição. Isso a gente chama de tese. E toda tese precisa ser sustentada, com argumentos coerentes, claros e diretos em relação ao tema. O Enem tem o diferencial de exigir ainda na conclusão do texto a proposta de intervenção, que é nada mais como se pode solucionar os problemas apresentados", explicou.
Explorando esses aspectos, Nathália Couri usou as exigências do Enem a seu favor. "Só a proposta de intervenção são 200 pontos na redação. Então eu sabia que se fechasse bem o texto ele iria se diferenciar e eu tentei pensar em propostas mais diferentes que fugissem do óbvio", afirmou.
Igor Farinazzo destacou que as pessoas precisam descobrir a melhor forma de se dedicar. "Começar sempre é a parte mais importante, se envolver com a prática, depois começa a ficar natural. Acreditar em si mesmo, começar e sempre saber aonde quer chegar", disse.

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